14 de dez. de 2010

Para não mais beijar

Nem línguas, nem lábios, nem bocas,
mas vermes lentos,
lesmas quentes:
acasalamento
de moluscos sem concha
entre os dentes.

13 de dez. de 2010

Terra Incognita

Como se fosse eu navegante
do tempo do Descobrimento;
você Porto Seguro e eu caravela;
como se fosse eu entrada, bandeira,
e você Pindorama,
demarco, desbravo.
Você reclama, mas deixa.
Te estudo, te exploro.
Você se revela.
Abro trilhas na floresta,
mapeio a sua costa,
cada palmo do seu território.
Você protesta, mas gosta.

10 de dez. de 2010

Seios

Desculpe se pareço distante,
perdoe a distração,
o olhar alheio...
(não há atenção que resista
ao chamado dos seus seios)

7 de dez. de 2010

Taras

Inventa-me, amor, uma tara sem par.
Desvenda o universo das parafilias.
Revira grimórios, estelas, papiros,
revela em antigos mistérios e ritos
fetiches quaisquer que a nós dois enfeiticem
(é que o amor, meu amor, quase a tudo resiste,
mas não à armadilha fatal da mesmice).

6 de dez. de 2010

Toponímia

Pauliceias, São Paulos e Sampas
as há aos milhares, milhões.
A minha é a mais suja e a mais pura;
a um só tempo é a mais rude e a mais santa.
A minha São Paulo é a mais linda
e atende, pagã e profana,
apenas por Piratininga.

5 de dez. de 2010

Doces

Já os tive antes sobre mim,
pupilas, retinas e íris.
Já os tive de outros e vários matizes,
mas não assim, cor de terra.
Café, chocolate, canela.
Já os tive sobre mim,
Mas não assim, como os dela.

2 de dez. de 2010

Da Temática

Desde que a gente é gente,
desde que o mundo é mundo,
só tem importância um tema,
um só assunto interessa.
O resto? Ora, o resto!
São coisas que a gente inventa
pra ajudar a passar o tempo em que não dá pra fazer sexo.