30 de ago. de 2011

PoesiaPod

PoesiaPod é um novo projeto do poeta Pedro Tostes com engenharia de áudio do Tomás Sá.
A cada semana o site põe no ar três poemas recitados (ou falados, mesmo) pelo autor, junto com fotos da sessão de gravação e dois ensaios curtinhos do Pedro: um sobre como rolou cada etapa; o outro sobre o material do autor da semana.
Primeiro foi o Ivan Antunes. Depois veio o Daniel Minchoni. Em seguida, o Donny Correia. O quarto da fila foi este vosso humilde servo. E vem muito mais por aí. O Pedro me disse quem são os já confirmados, mas não quero estragar a surpresa.
E os caras ainda inventaram de dar um para o comentário mais legal de cada semana no site.
Vai lá que vale a pena!

Alma Lisa

Explicar a poesia:
Empreitada tão vã, tão fútil,
tão irmã do desespero
quanto olhar no olho uma doze,
encarar sua órbita vazia
pra ver quem pisca primeiro.

20 de ago. de 2011

Buquês de Rosas Vermelhas

Olha a mulher que se acha feia.
Em casa, sozinha
numa noite de sexta-feira.

Uma taça de vinho
(é noite de sexta-feira).
No banheiro,
defronte o espelho,
a mulher que se acha feia
fita-se de frente e de lado,
brinda com seu reflexo
e sonha ver-se linda.
E sonha ver-se amada.

A mulher que se acha feia
reclinada na banheira.
Um livro e uma taça de vinho.
E o sonhar em segredo
com toques de dedos
que a conheçam tão bem
quanto ela se conhece.
Um breve tremer de pernas nuas.
Um gemido. Uma lágrima. Duas.
(a mulher que se acha feia, estranhamente,
chora, quando goza, o companheiro inexistente).

Gillette e uma taça de vinho.
A mulher que se acha feia,
com gestos bem calculados,
esculpe com todo o cuidado
os contornos dos pelos do púbis
que ninguém irá tocar.
E imagina ver no fluxo
dos jatos da jacuzzi,
surgindo dos pulsos,
buquês de rosas vermelhas
que ninguém jamais lhe deu.

9 de ago. de 2011

Coito

Seja a tinta o esperma.
Seja o sêmen
que despeja o pênis/pena
sobre a página vazia.
Seja a página a vagina
que o acolhe.
Que gera o poema.
Seja o poema sua prole.