Há um pouco do agreste
aqui no Sudeste;
ecos da caatinga
no concreto de Piratininga.
Há algo dos pampas
no asfalto de Sampa
e o ar paulistano
traz consigo um quê do minuano.
Nas alamedas dos Jardins,
pedaços de Roma, Chicago e Berlim
e a Terra da Garoa
vai ser sempre um pouco Lisboa.
E ainda que revelem-se aqui
(que não se negue e nem sejamos omissos),
nas favelas e cortiços,
reflexos de Somália e de Haiti,
esta terra-mãe adotiva
que é um pouco Inglaterra, Japão e Bolívia
é o que é porque é tudo isso.
16 de mar. de 2011
13 de mar. de 2011
10 de mar. de 2011
Já Deu, Né?
Ai, musa, liberta-nos do jugo
de marginais de boutique
e malditos de araque.
De beats requentados
que soam como tradução do Google
de Ginsberg e Kerouac.
de marginais de boutique
e malditos de araque.
De beats requentados
que soam como tradução do Google
de Ginsberg e Kerouac.
Conclusão
Lida a crítica de cabo a rabo,
devassada a teoria literária,
constato o inconteste fato:
um poema só é bom quando agrada
tanto a quem conhece o riscado
quanto a quem não manja nada.
devassada a teoria literária,
constato o inconteste fato:
um poema só é bom quando agrada
tanto a quem conhece o riscado
quanto a quem não manja nada.
8 de mar. de 2011
Post-It
Lembrete aos poetas,
citando João Cabral:
um poema é um dejeto,
é apenas um excreta,
um detrito, afinal,
que o cérebro expele
como o corpo expele merda.
citando João Cabral:
um poema é um dejeto,
é apenas um excreta,
um detrito, afinal,
que o cérebro expele
como o corpo expele merda.
4 de mar. de 2011
Aqui
Aqui, onde espreitam, escondidas,
as vozes eternas que recitam
as cartas que deixam os suicidas;
onde nascem as dores sem cura
dos membros fantasmas dos amputados;
aqui, onde escondes teus segredos
e ocultas teus medos e vergonhas,
te aguardam os pesadelos que sonhas.
as vozes eternas que recitam
as cartas que deixam os suicidas;
onde nascem as dores sem cura
dos membros fantasmas dos amputados;
aqui, onde escondes teus segredos
e ocultas teus medos e vergonhas,
te aguardam os pesadelos que sonhas.
3 de mar. de 2011
Alheio
Ausente do mundo que o desabriga,
um menino sem nome inspira o fogo
que arranca à força de dentro da pedra.
No torpor induzido a que se entrega,
inspira trevas pra tapar o oco,
o vazio que lhe preenche a barriga.
É um dia, mais um dia da refrega
de seu corpo esquálido, parco e pouco
com um mundo que o quer morto. Quem liga?
um menino sem nome inspira o fogo
que arranca à força de dentro da pedra.
No torpor induzido a que se entrega,
inspira trevas pra tapar o oco,
o vazio que lhe preenche a barriga.
É um dia, mais um dia da refrega
de seu corpo esquálido, parco e pouco
com um mundo que o quer morto. Quem liga?
Convite
A quem possa interessar
foi criado aqui no bar
um puxadinho, um anexo
pra falar de prosa e verso.
Ficam, assim, convidados
os membros do BDE
e quem mais também quiser
pra saleta aqui ao lado.
Mas avisamos: cuidado!
Lá dizemos a verdade
(que, sabe-se, às vezes arde)
sem reservas, nem frescura:
não se dá apoio e alento
à mera mediocridade
nem à falta de talento.
E se as críticas são duras
não há nisso má vontade:
trata-se apenas, de fato
de não mais deixar barato
atentados contra a língua;
de não mais alçar o tosco
o comum, ou o mau gosto
às alturas de obra-prima
e deixar a arte à mingua.
Feito, assim, o alerta,
fica desde já aberta
esta nova filial
à vossa visitação.
Sem mais para o presente,
Firma, respeitosamente
(p.p. Allan Vidigal),
O Clube de Gamão.
(Este nasceu de uma brincadeira na comunidade orkutiana Bar do Escritor)
foi criado aqui no bar
um puxadinho, um anexo
pra falar de prosa e verso.
Ficam, assim, convidados
os membros do BDE
e quem mais também quiser
pra saleta aqui ao lado.
Mas avisamos: cuidado!
Lá dizemos a verdade
(que, sabe-se, às vezes arde)
sem reservas, nem frescura:
não se dá apoio e alento
à mera mediocridade
nem à falta de talento.
E se as críticas são duras
não há nisso má vontade:
trata-se apenas, de fato
de não mais deixar barato
atentados contra a língua;
de não mais alçar o tosco
o comum, ou o mau gosto
às alturas de obra-prima
e deixar a arte à mingua.
Feito, assim, o alerta,
fica desde já aberta
esta nova filial
à vossa visitação.
Sem mais para o presente,
Firma, respeitosamente
(p.p. Allan Vidigal),
O Clube de Gamão.
(Este nasceu de uma brincadeira na comunidade orkutiana Bar do Escritor)
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