27 de fev. de 2010

Exceptio Veritatis

Essas regras que te impões,
Deflito, recuso e renego.
Sou bússola sem norte, compasso cego,
Régua torta, nível sem prumo,
Exceção dentre exceções:
Aquela que não prova regra alguma.

18 de fev. de 2010

À PQP

Não sei se tenho mais raiva ou pena de quem pensa que basta apenas dividir um texto em linhas pra que passe a ser poema. Ou se tenho mais raiva ou dó de quem escreve coisas com “Ó!”, de metido a poetinha que faz rima pobre e só.

Poeta? Poeta o caralho! É um estuprador da língua o paspalho que faz rima de “ão” com “ão”, que rima no mesmo tempo verbos da mesma terminação. E esses engajados, então? Poetas? Cara, nem fodendo! Panfletariozinhos pobres de espírito, esquecem que ridendo é que castigat mores.

Isso sem falar nesses babacas que se julgam novos Petrarcas só porque escrevem quadradinho sobre aquilo de que já se disse tudo – e foda-se a originalidade. Pra mim, mais poeta é a Tati Bernardi quando escreve sobre ET Pirocudo. Ué, que foi? Se ofenderam? Já vão tarde.

16 de fev. de 2010

Sejamos Realistas

Poupem-me dessa insistência
autoajudística, pentelha,
em ver a taça meio cheia.

O ponto de vista, sabe-se,
otimista ou pessimista,
não faz muita diferença
para quem não sente sede
e bebe de um só gole um cálice
de formicida e diabo verde.

14 de fev. de 2010


(click na imagem para ver o "poema", se é que pode ser assim chamado)

12 de fev. de 2010

Analogias

Virou um amor assim,
verdadeiro e genuíno
como uísque da rua Aurora.
Um amor tão puro,
impoluto e genuíno
quanto o travesti disforme
que se vende na Lineu
(mas que outrora foi menino
que o Lobo Mau comeu)

1 de fev. de 2010

Bronca

Alice, Alice,
Que foi que eu te disse?
“Não prova do bolo, não segue o coelho,
Nem tenta passar pr'outro lado do espelho”.
Te perdeste de vez no caminho que trilhas
De um lado pro outro em país de armadilhas.
Alice, Alice,
Que foi que eu te disse?
Por que não escutas quem bem te aconselha?

Alice, Alice,
Por que não me ouviste?
É falsa a lagarta e o gato, matreiro.
E mentem a lebre e esse tal chapeleiro
(Mas podes contar com a enxurrada de choro
E há um risco real de perder a cabeça).
Alice, Alice,
Por que não me ouviste?
O mundo que sonhas só em sonhos existe