31 de out. de 2010

Gás

Talvez um poema lhe saia do peito,
Talvez venha a nós, outrossim, do intestino.
Pra mim, o poema biscoito mais fino
É o tal que se faz, não aquele que é feito.

E assim lhe respondo, contesto-lhe o pleito:
Não pode um poema, lhe indago, menino,
Fazer-se por si, prescindir raciocínio,
Nascer como espirro, um arroto ou um peido?

Não pode um poema fazer-se, de fato?
Vir não da cabeça, mas sim das entranhas?
Fazer-se espontâneo, sem truques nem manhas,
Qual faz-se uma bufa, ou um traque, ou um flato?

Nos vir por acaso, acidente, de chofre,
Malgrado o aroma de alho ou de enxofre?

28 de out. de 2010

99% de Transpiração

Poemas escritos com esmero:
aqueles que fazem pensar
no autor acordado até tarde,
cioso do ritmo e do metro,
contando elisões e hiatos,
morrendo de medo de errar,
confuso entre técnica e arte.

(poeta esforçado é um saco).

16 de out. de 2010

P:P-P na Rádio Senado

O programa Prosa & Verso, da Radio Senado, apresentado por Marco Antunes e Tuka Villa-Lobos, teve um especial de quase 20 minutos sobre o Projeto: Palavra-Porrada, que organizo junto com a Lúcia Gönczy.

Dá pra ouvir e/ou baixar no site da radio:

http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programa.asp?COD_PROGRAMA=11

Ars Retorica

Me convenço,
nos raros momentos
de calma e bom-senso,
ser, sim, o silêncio
o melhor argumento.