24 de nov. de 2009

Ton-sur-ton

Agora não quero falar
de coisas coloridas,
bonitas, delicadas,
de flores e borboletas.
Não quero falar de nada.
Hoje estou monocromático.

Por que não cantar o cinza
duro, frio, onipresente?
Os diversos tons de cinza
sobre cinza da cidade?

E uma vez cantado o cinza,
concreto armado e neblina,
e pintada a cidade em P/B,
aí, sim, falar de flores
e até, talvez, borboletas.
Sobre o fundo de cimento
não mais apenas bonitas,
mas praticamente perfeitas.

3 comentários:

Flá Perez (BláBlá) disse...

contrastes! isso...o que seria dos poetas das borboletas se não fossem o cinza quase negro dos nossos poemas?rs
sério agora: adorei o "fundo asfalto para flores"
uma vez li sobre preterição e vivo querendo um poema assim.

Estela Z. disse...

There's something I always like in your poems, Allan: the fact they are extremely visual. This one is no exception. It's fascinating the contrast between the black/white and the colours (which become even more vivid in that monochromatic background). Great poem, dear. As usual.

Allan Vidigal disse...

Gracias, queridas.
Estela, sabe que quase chamei esse de 'Rumble Fish"? Mas quase ninguem ia entender e acabou ficando "Ton-sur-ton".