20 de jan. de 2009

Interpretação de Texto

“E aí, terminou de ler?”

“Faz uns dias.”

“Então conta.”

“É mais ou menos assim. É meio confuso, então você vai precisar ter paciência, tá? Mas é assim, ou, pelo menos, foi o que eu entendi. Tem um cara, o Riobaldo, que está contando uma história pra alguém que nunca responde. Esse Riobaldo era parte de uma trupe de jagunços que viviam para cima e para baixo na região da Caxemira. Só que além de serem jagunços, eles também faziam espetáculos circenses.”

“Sei...”

“Pois então. Daí esse tal de Riobaldo conhece um outro jagunço que se chama Diadorim e, tipo, meio que rola um clima entre os dois, sei lá... Eles fogem pra tentar se casar, mas tem um cara que muda de nome no meio algumas vezes, tem hora que é Bebêlo, tem hora que é Bulbul, e vai lá e busca eles de volta e eles acabam se casando ali mesmo, na vila de Pachigam. E eles ficam juntos um tempo, mas a situação vai ficando complicada por causa da guerra com o Paquistão. E um dia, numa apresentação de dança, o Diadorim conhece o embaixador dos Estados Unidos e foge com ele. E o Riobaldo se junta aos militantes islâmicos e jura que vai matar o tal do embaixador.”

“Continua...”

“Então, daí, não entendi muito bem como, o Diadorim fica grávido e obeso e tem uma filha. A mulher de verdade do embaixador pega a menina pra criar e some com ela pra Inglaterra, onde a menina um dia cai, torce o pé e conhece um tal de Willoughby, mas o cara é meio pilantra e ela acaba ficando com um outro, um sargento, ou tenente, ou coisa parecida, não lembro o nome.”

“Seria Coronel Brandon?”

“É! Isso! Nossa, como você sabe das coisas!”

“Não importa, continua.”

“Tá. Daí a menina sai da Inglaterra porque o império está em decadência e vai parar nos Estados Unidos no final do século vinte. Sei lá, tem uns pulos no tempo que eu não entendi muito bem, mas enfim, Estados Unidos, fim do século vinte. Aí o Riobaldo, que virou motorista do pai dela, o tal do embaixador, dá uma facada nele. E a menina fica meio louca e vai fazer um documentário na Caxemira. Enquanto isso, o Riobaldo acaba sendo preso.”

“Ah, é?”

“É. Daí ela volta da Índia e começa a escrever cartas pra ele na cadeia e ele fica meio louco, sei lá. Um dia tem uma fuga da prisão e ele os caras levam ele junto, mas no fim só ele escapa porque sabe voar. E voa até a casa da menina e tenta matar ela, mas no fim é ela quem acaba matando ele. E acho que é isso, é meio confuso, mas é mais ou menos isso mesmo.”

“...”

“E aí, o que você achou?”

“Quantas vezes eu preciso te falar para ler um livro só de cada vez?”

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