4 de jan. de 2009

Letrinhas

Não se entendem, nem nunca se entenderão. Pronto, é isso e acabou. Para que ficar esquentando a cabeça com algo que não tem solução? A diferença nem é tão grande, só uma letrinha de nada. Mas faz toda a diferença do mundo. As XXs e os XYs simplesmente não falam a mesma língua. Podem até usar as mesmas palavras, as mesmas construções, a mesma estrutura. Mas é só casca. Se arrancar, fica o miolo incompatível. Um tentar entender o que o outro diz e quer é tentar rodar software de Mac no PC. Dá pau.

Os XYs acham, no fundo, que todas as XXs são loucas, até as que à primeira vista parecem mais normaizinhas. As XXs acham que, no fundo, todos os XYs são uns imbecis, até os que têm jeito de ser mais espertinhos. O mais provável é que nenhuma das duas coisas seja verdade.

Por outro lado, vai ver que, para os XYs, o mundo que as XXs enxergam seja mesmo tão diferente que, do ponto de vista deles, elas são, sim, loucas varridas de amarrar e que eles estão certos até certo ponto. E que, para as XXs, o mundo como os XYs o vêem seja tão estranho que elas não erram ao dizer que eles são uns cretinos. Quem sabe os dois não estão certos, cada um de seu jeito meio errado?

Não tenha dúvida: se algum XY te disser que sabe, sim, como funciona a cabeça de uma XX, pode escrever que é mentira ou ilusão. E se alguma XX jurar que entende os XYs, não dê bola: o mais provável é que, no fundo, nem ela mesma acredite nisso.

Se as coisas fossem um pouco diferentes, até que não seria um grande problema. Só que as XXs não conseguem viver sem os XYs e vice-versa (lógico, tô generalizando, claro que tem exceção, mas vocês entenderam o que eu quero dizer). E ficam os dois, cada um do seu lado, ou do lado um do outro (mas ainda do seu próprio lado), tentando se fazer entender e fingindo entender o que o outro diz, faz, quer, sente. As XXs e os XYs precisam uns dos outros, nem que seja só pra fazer mais XXs e XYs. E mesmo que não seja exatamente para isso, todo o processo de treinar para fazer, convenhamos, é bem divertido.

Talvez, daqui a alguns anos, algum geneticista brilhante consiga inventar um terceiro tipo, digamos um XYZ, ou coisa parecida, vai saber, que entenda os dois outros e sirva de intérprete. Até lá, ficamos nessa de tentar entender e não entender patavina e de treinar para fazer mais gente que não se entende. Pensando bem, ao menos nisso a gente até que se entende.

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