Por onde andará Omar Khayyám? Será que chora pelas mulheres de véus negros prensadas contra as grades pela tropa de choque? Será que tenta estender as mãos sobre elas enquanto suportam, bravas, os cassetetes? Será que é sua voz que ouvimos vinda do homem que, do outro lado das grades, grita com a soldadesca? Será que é de Khayyám a mão que tenta, desesperada, trazer Neda de volta? Será Khayyám quem urra quando ela fecha os olhos?
Será que Khayyám se sente tão impotente quanto a gente, que vê tudo tão de longe que daria na mesma estar morto há séculos? Será que tem internet no Paraíso? E, se tem, e se é que Khayyám lá está, será que pinta seu avatar de verde numa tentativa frustrada de se sentir menos distante?
Neda sangrou pela boca, pelo peito, pelo nariz, em praça pública, na frente do mundo todo. Será que a gente se pintar de verde na Internet está de qualquer maneira à altura de Neda pintada de vermelho por um covarde?
Jefferson bem que avisou: a árvore da liberdade exige rega ocasional com sangue. Dos patriotas e dos tiranos. Fez bem o velho Thomas ao enunciar nessa ordem os sacrifícios. Porque parece que sangram os patriotas mais do que os tiranos.
22 de jun. de 2009
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