Lá para meados de outubro do ano passado resolvi que precisava dar um tempo com relacionamentos de todo o tipo. Quem me conhece sabe por quê. Quem não conhece, sorry folks, mas não estou a fim de falar nisso. Sabe aquele dito popular do urubu com azar? Então: eu era o mais de cima de todos, aquele que a gente vê como um pontinho contra o céu (e só se estiver em dia com o oftalmo).
Enfim, lá fui eu pro meu sabático, retiro, chame como quiser. E decidido a lá ficar até ter conseguido engolir, digerir e eliminar um monte de coisa. Queria ter certeza de que não ia contaminar relacionamentos futuros com o lixo tóxico dos anteriores. E, fora uma escorregada no fim de novembro, até que deu para segurar.
Me dei alta lá pro começo de março, com duas decisões tomadas: achar alguém que valesse a pena e, enquanto não achasse, entrar numas de relacionamento casual. É que lá pelos 20, 21 anos eu resolvi que detestava relacionamento casual. One night stand me fazia mais mal do que bem. Mas pensei com meus botões que agora, mais maduro e tal, a coisa ia ser tranquila. E fui atrás das duas coisas. Recapitulando: achar uma companheira bacana e, enquanto não achasse, fazer um monte de meaningless sex.
Quando o povo que me conhece soube que eu estava de volta ao mercado, começou aquela coisa: todo o mundo tentando me vender amiga, prima, filha, ex-mulher (imagino até neguinho pensando, “Putz, quebrar uma pro cara e ainda me livrar da pensão! Quer coisa melhor que isso?”). Começou a coisa com um almoço com uma garota que conhecia pela fama, mas não pessoalmente, e que admiro pacas faz tempo. Na boa, fui para lá com toda a intenção de me interessar por ela. Só que não rolou. Não me entendam mal, sou fãzaço da moça e adorei ter conhecido. Mas — apesar das mãos delicadas e do pescoço esguio, combinação perigosíssima — química? Zero. E tenho certeza de que é recíproco.
Beleza, tudo bem, vamos em frente. Logo depois, outra senhorita, primeiro relacionamento casual. Na hora, bacana. No dia seguinte, nem tanto. Nem vem ao caso comentar. Pensei em encerrar o projeto ali mesmo. Mas eu sou cabeça-dura e resolvi insistir mais um pouco. Mesmo porque, convenhamos, eu estava a seco fazia uns meses.
Mais alguns dates arranjados por amigos, parentes e conhecidos, sem que surgisse a menor faísca de interesse por alguém. Numa festinha em casa de amiga, me aparece uma guria bonita, mas meio estranha, e se mostra altamente disponível. Trocamos telefones e fomos cada um pro seu lado. Umas duas semanas depois, ligo para ela, chamo para ir a um show de amigos e ela topa. Fiquei chupando o dedo a noite inteira. No dia seguinte, telefonou dizendo que teve que buscar uma amiga na rodoviária e sei lá mais o quê, e que topava fazer algo aquela noite. Na dúvida, combinei de encontrar num barzinho de blues onde eu iria estar de qualquer jeito. Outro cano. A essas alturas, melhor passar para a próxima da fila.
Mas não é que a gaja me liga na terça-feira seguinte, lá pelas nove da noite, perguntando se eu não queria ir para a casa dela com uma garrafa de vinho? E não é que eu fui? Mas a moçoila abriu a porta trajada de calça de moleton e camisetão. Frente à cena, pensei aqui comigo, “certo, entendi mal: ela só devia estar a fim de tomar vinho e com preguiça de ir comprar”. Papo vai, papo vem, ela levanta e diz que vai vestir uma roupa mais confortável. Bom, duas coisas. Primeira: mais confortável do que calça de moleton e camisetão? E segunda: nunca achei que alguém dissesse essa frase na vida real.
Enfim, ela foi, levou um tempinho, voltou com uma micro-saia fúcsia na altura do útero e deitou no sofá com as pernas em cima das minhas. Pois quer saber? Broxei na hora. E foi aí que cancelei de vez o projeto bootycall. Não adianta eu tentar ser alguma coisa que eu não sou. Deixando claro — tanto para mim mesmo (vai que eu esqueço) quanto para quem estiver entediado o bastante para ter lido até aqui —, fica aqui registrado: não vou nem me dar ao trabalho de começar algum relacionamento que não tenha algum potencial para ser o último relacionamento que vou começar. E foda-se.
19 de jun. de 2009
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