20 de dez. de 2008

Xenofrutófobo

Aquela velha estória do “em se plantando tudo dá”. Ótimo: aqui cresce amora, blueberry, caqui, damasco ... deve ter alguma com “e”, mas estou com preguiça e não importa. Gosto de todas. Não tenho o menor problema com qualquer uma delas.

Acho que plantar frutas “importadas” deve ter sido uma das grandes prévias da globalização. Nada contra. Quem, afinal, não curte grapefruit no café-da-manhã, uma bela travessa de cerejas no Natal, manga para a sobremesa? Suco de cranberry, geléia de framboesa, pêssego em calda?

Aposto que tem um monte de gente que não me conhece, vai ler isso e pensar: putz... outro chato nacionalista, retrógrado, xenófobo. Outro monte de gente que não me conhece vai dizer para os próprios botões que é isso mesmo, que tá certo, que as pessoas são alienadas, por aí afora. Pra ser sincero, não estou muito aí.

Mas tem hora que assusta um pouco. Outro dia, me deu vontade de geléia de jabuticaba para passar na torrada. Coisa simples, dessas que tinha tanto em casa da gente quando era criança que nem dava bola. Vasculhei todos os supermercados da região (e não são poucos) e não achei. Daí parti para os empórios chiques. Nada. Tentei as vendinhas de esquina. E nada. Aparentemente ninguém mais faz geléia de jabuticaba (mas de lichia, morango, abacaxi, cereja negra, kiwi e mirtilo, essas tem). No fim das contas, comprei um quilo de jabuticabas frescas no hortifruti e fiz a geléia eu mesmo. Se alguém quiser, deu um monte, comi um tanto, enjoei e ainda tem um vidro quase cheio.

Outro caso é o da pitanga. Minha fruta predileta, diga-se. Ainda bem que tem um pé na casa dos meus pais, senão tava ferrado. Nunca vi para vender no mercado, na feira ou em qualquer lugar. Até uns anos atrás ainda tinha um suco concentrado de pitanga que enganava bem. Mas faz séculos que não vejo mais. Por outro lado, outro dia achei uns drops de pitanga até que razoáveis. Feitos no Japão.

De vez em quando vejo em algum lugar para vender uns cajás mirradinhos, umas guabirobas raquíticas. Talvez nem tudo esteja perdido. Mas fico preocupado.

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